Rio de Janeiro, 9 de maio de 1991
Pai nosso que estais no céu...
Hoje foi dia de missa, para mim, a missa foi um martírio, um sofrimento sem fim. Tenho que por um fim nesse tormento de uma vez por todas.
"Ela veio, estava linda de vestido azul, quase transparente, cabelos soltos e sandálias de couro..."
Quando à vejo meu coração bate mais forte, começo a suar, tremer e a respirar ofegantemente, quase não consigo rezar a missa. A essa altura as beatas mais atentas devem ter percebido a minha descompostura. O que fazer?
"Hoje ela olhou para mim a missa inteira, não tirou os olhos de mim. Pensei em tantas coisas, em Deus, no demônio e em tantas outras coisas inimagináveis que nem sei como essas coisas podem passar pela minha cabeça. Oh meu Deus!"
Não sei porque, mas só penso nela, naquele rostinho e naquela pele macia. Aquela pele... Quando toquei-a pela primeira vez gelei e nem pude acreditar, prometi nunca mais tocá-la, mas não consegui, o amor foi mais forte.
"Estou morrendo por dentro e esse amor me corroí pouco a pouco, lentamente, a cada dia que passa, eu a amo mais e mais. Não consigo mais viver sem seus lábios, seu cheiro e tudo o que ela representa em minha vida..."
Não sei até quando vou suportar esta dor. Até quando meu Deus!
Tento não pecar, mas com o tempo isso vai se tornando cada vez mais difícil e ela é linda como as gotas de orvalho do outono, como o sol do verão, as folhas da primavera e o frio acolhedor do inverno. Ela é brilhante como as estrelas e luminosa como o dia.
Oh Deus, não nos deixe cair em tentação e livrai-nos de todo o mal.. Amém!